Luiz Mendonça

Foto: Diretor Luiz Mendonça

Mendonça, Luiz (1931 - 1995)
Luiz Gonzaga Lucena de Mendonça (Brejo da Madre de Deus PE 1931 - Rio de Janeiro RJ 1995). Diretor e ator. Fundador do Movimento de Cultura Popular no Recife, Luiz Mendonça bebe na fonte da cultura popular nordestina. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, funda o Grupo Chegança e associa seu teatro aos blocos carnavalescos, ao circo e ao teatro de revista. Monta peças de autores nordestinos - entre elas, Viva o Cordão Encarnado, de Luiz Marinho.
Descende da família Mendonça, de Pernambuco, fundadora do maior teatro ao ar livre do Brasil, em Nova Jerusalém; onde pisa no palco pela primeira vez aos sete anos. De 1952 a 1968 interpreta Jesus, na Paixão de Cristo, anualmente montada por seus parentes.
Em 1950, aos 19 anos, Luiz Mendonça vai para o Recife. Em 1956, participa como ator da primeira montagem de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, pelo Teatro Adolescente do Recife, com direção de Clênio Wanderley. 
Quando surge o Movimento de Cultura Popular - MCP, no Recife, fundado por Miguel Arraes, Luiz Mendonça é o diretor da área de teatro que, continuando a investir em novos autores, conta com a participação de Paulo Freire, Nelson Xavier, José Wilker e Luiz Marinho. Em 1962, este último e Luiz Mendonça são premiados pela Associação de Cronistas Teatrais de Pernambuco com o espetáculo A Derradeira Ceia. Luiz Mendonça é responsável direto pelo dinamismo das atividades teatrais do MCP, que, em 1963, monta 368 espetáculos. Dois deles trazem Luiz Mendonça ao Rio de Janeiro, dirigindo As Incelenças, de Luiz Marinho, e atuando em Julgamento em Novo Sol, de Augusto Boal, Nelson Xavier e Amilton Trevisan. O Teatro de Arena de São Paulo e os Centros Populares de Cultura, CPCs, mantêm intercâmbios fluentes com o MCP, com o objetivo de criar, realizar e fomentar um teatro brasileiro e popular.
No Rio de Janeiro, Luiz Mendonça participa dos grupos DecisãoOpinião. No mesmo ano, funda o Grupo Chegança, com Carlos Vereza, José Wilker, Camilla Amado e Isabel Ribeiro, entre outros, que monta As Incelenças, de Luiz Marinho, e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Em 1965, trabalha como assistente de direção e ator de O Berço do Herói, de Dias Gomes, espetáculo montado pelo Grupo Movimento, que é censurado no dia da estréia. Funda O Teatro Operário de São Cristóvão, formado por operários de uma fábrica de plásticos, onde monta Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna; Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, e A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo. Em 1973, reativa o Grupo Chegança, com novos atores, entre eles Tânia Alves, remonta As Incelenças, e estréia a nova peça de Luiz Marinho, Viva o Cordão Encarnado, Prêmio Molière de melhor texto e de melhor direção, 1974. No ano seguinte, o grupo monta Lampião no Inferno, de Jairo Lima, com dois atores convidados - Joel Barcelos e Madame Satã, o famoso travesti da boemia carioca, sem que o fato contudo desperte maior atenção. Sofrendo o problema de todo grupo de teatro a partir do final da década de 1970, o Grupo Chegança funciona como escada de atores que, uma vez obtendo êxito, optam pela televisão como meio de sobrevivência bem mais seguro que o teatro. Em 1977, o grupo monta Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, e, no ano seguinte, O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou, de Vital Santos, que aborda, em uma visão fantástica, a vida de uma família de retirantes. O espetáculo faz temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo depois de ser apresentado ao ar livre em Nova Jerusalém. É, ao que tudo indica, o último espetáculo do grupo.
A partir do final de década de 1970, Luiz Mendonça começa a buscar no mercado uma forma de tornar seu estilo mais vendável. Os críticos o acusam de, dirigindo às vezes três espetáculos simultaneamente, ter perdido de vista o lado artístico do fazer teatral, mas premiam O Bom Burguês, de Pedro Porfírio, como um dos cinco melhores espetáculos do ano de 1977. O diretor associa sua intimidade com o teatro popular e a musicalidade à comédia. É assim que surge, em 1979, o bem-sucedido musical Rio de Cabo a Rabo, de Gugu Olimecha, com a idéia de remodelar o teatro de revista, atualizando-o com piadas políticas e picantes. A dupla, com o reforço de Ziraldo, monta, em 1980, no mesmo gênero, O Último dos Nukupyrus, uma abordagem debochada do homem brasileiro, desde a colonização.
A partir dos anos 1980, quando os espetáculos ganham uma roupagem moderna e estética, a produção de Luiz Mendonça diminui e na segunda metade da década se resume a um único espetáculo, Alma de Gato, de Eid Ribeiro, 1987.
Defensor de um teatro brasileiro popular e de um estilo brasileiro de interpretação, Luiz Mendonça traz ao eixo Rio-São Paulo autores até então desconhecidos pelo público. Com as transformações do teatro e do país, nas décadas de 1980 e 1990, sua prática de um teatro popular e brasileiro se torna cada vez mais difícil.
Direção

    * 1951/1958- Paixão de Cristo

    * 1958- Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

    * 1961- A Derradeira Ceia, de Luiz Marinho

    * 1961- Chapeuzinho Vermelho, de Paulo de Magalhães

    * 1961- Um Menino nos Foi Dado, de D. Marcos Barbosa

    * 1961- O Boi e o Burro no Caminho de Belém, de Maria Clara Machado

    * 1962- A Incelença, de Luiz Marinho

    * 1962- A Volta do Camaleão Alface, de Maria Clara Machado

    * 1962- A História do Formiguinho, de Arnaldo Jabor

    * 1963- Estórias do Mato. A Incelença, de Luiz Marinho

    * 1963- Estórias do Mato. A Afilhada de Nossa Senhora da Conceição, de Luiz Marinho

    * 1963- A Via Sacra, de Henri Ghéon

    * 1963- Da Lapinha ao Pastoril, de Leandro Filho e Luiz Mendonça

    * 1964- Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna

    * 1965- Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins

    * 1965- A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo

    * 1968- Via Sacra, de Henri Ghéon

    * 1968- A Mandrágora, de Maquiavel

    * 1969- A Incelença, de Luiz Marinho

    * 1973- As Incelenças, de Luiz Marinho

    * 1974- Viva o Cordão Encarnado, de Luiz Marinho

    * 1974- Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto

    * 1975- Lampião do Inferno, de Jairo Lima

    * 1975- A Farsa da Boa Preguiça, de Ariano Suassuna

    * 1975- A Alma Boa de Set-Suan, de Bertold Brecht

    * 1976- Canção de Fogo, de Jairo Lima

    * 1977- O Bom Burguês, de Pedro Porfírio

    * 1977- Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro

    * 1977- Dom Quixote de la Mancha, de Alexandre Marques

    * 1977- A Incrível História de Pedro Bacamarte, de Vital Filho

    * 1978- O Sol Feriu a Terra e a Chaga se Alastrou, de Vital Filho

    * 1979- Rio de Cabo a Rabo, de Gugu Olimecha

    * 1980- O Último dos Nukupyrus, de Gugu Olimecha e Ziraldo

    * 1981- Barreado, de Ana Elisa Gregori

    * 1981- Concerto para Virgulino sem Orquestra, de Alcimar Vólia e Vital Santos

    * 1981- O Pecado Capitalista, de Gugu Olimecha

    * 1982- A Ópera dos Três Vinténs, de Bertold Brecht

    * 1983- O Mambembe, de Artur Azevedo

    * 1983- República dos Prazeres, de Sérgio Fonta

    * 1984- Diretas Onde Já Civil, de Luciano Lupe

    * 1984- Um Sábado em 30, de Luiz Marinho

    * 1985- Com o Suor de Nosso Rosto, de Maria Helena Kühner

    * 1986- Viva o Cordão Encarnado, de Luiz Marinho

    * 1987- Alma de Gato, de Eid Ribeiro

    * 1991- A Saúde da Saúde, de Geraldo de Andrade

    * 1992- Viva o Cordão Encarnado, de Luiz Marinho

    * 1993- Um Sábado em 30, de Luiz Marinho

    * 1993- De Como Quase Tudo Deu Errado, de Henrique Tavares

    * 1993- A Inconveniência de Ter Coragem, de Ariano Suassuna

    * 1994- Da Lapinha ao Pastoril, de Leandro Filho e Luiz Mendonça

    * 1995- Auréola, de Geraldo de Andrade


Atuação

    * 1951/1968- Paixão de Cristo

    * 1952- Cana Brava, de Aristóteles Soares, direção de Clênio Wanderley

    * 1956- Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, direção de Clênio Wanderley

    * 1961- A Derradeira Ceia, de Luiz Marinho, direção de Luiz Mendonça

    * 1962- Julgamento em Novo Sol, de Augusto Boal, Benedito Araújo, Hamilton Trevisan, Modesto Carone e Nelson Xavier, direção de Nelson Xavier

    * 1963- Estórias do Mato. A Incelença, de Luiz Marinho, direção de Luiz Mendonça

    * 1963- Estórias do Mato. A Afilhada de Nossa Senhora da Conceição, de Luiz Marinho, direção de Luiz Mendonça

    * 1966- Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Ferreira Gullar e Oduvaldo Vianna Filho, direção de Gianni Ratto